A resposta pode surpreender: a verdadeira felicidade não tem preço. Isso não significa que ela seja gratuita, mas que seu valor não está no dinheiro. Ser feliz tem custos sim emocionais, éticos e humanos, que pouco têm a ver com o saldo bancário ou com a quantidade de bens acumulados.
Ser feliz custa, por exemplo, coragem. Coragem para dizer não ao que nos faz mal, para abandonar relações tóxicas, para mudar de caminho quando o atual já não faz sentido. Custa autenticidade — e viver com autenticidade exige disposição para ser quem se é, mesmo que isso desagrade aos outros.
Ser feliz custa tempo. Tempo para cultivar amizades verdadeiras, para estar com a família, para ouvir a si mesmo em silêncio. Em um mundo acelerado, em que tudo exige produtividade e resultados imediatos, dedicar tempo àquilo que não dá lucro, mas alimenta a alma, é quase um ato de resistência.
Custa também simplicidade. A felicidade, muitas vezes, se esconde nos detalhes: no café compartilhado, no pôr do sol observado sem pressa, no sorriso espontâneo, no abraço sincero. Quem vive correndo atrás do supérfluo acaba ignorando a beleza do essencial.
E há ainda o custo da responsabilidade. Ser feliz, de verdade, é também contribuir para o bem-estar dos outros. Não há felicidade plena quando se vive de costas para o sofrimento alheio. A empatia, o respeito e a solidariedade são investimentos que enriquecem a existência.
Isso não quer dizer que o dinheiro não tenha seu lugar. Ele é importante, sim, para dar conforto, garantir dignidade, proporcionar experiências. Mas ele, por si só, não compra a paz interior, o sentido de pertencimento, o propósito de vida. Há ricos infelizes e há pessoas simples que irradiam contentamento. A diferença está no modo como se vive e no que se valoriza.
A sociedade de consumo nos ensinou a perguntar “quanto custa?” para tudo. Mas talvez seja hora de reformular a pergunta. Em vez de “quanto custa para ser feliz?”, talvez devêssemos perguntar: o que estou disposto a abrir mão, mudar ou valorizar para viver com mais leveza e verdade?
A felicidade não se adquire no cartão de crédito, mas se constrói no cotidiano, nas escolhas conscientes, nas relações sinceras e na paz com a própria consciência.
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